A avaliação de extra-sístoles ventriculares (ESVs) em atletas requer uma abordagem cuidadosa para distinguir entre alterações benignas e sinais de doenças cardíacas subjacentes que podem aumentar o risco de morte súbita cardíaca.
1. Triagem Inicial: A avaliação começa com a coleta de histórico médico detalhado e exame físico, seguido por um ECG de repouso. A presença de ESVs durante o exercício ou em monitoramento ambulatorial pode indicar a necessidade de investigação mais aprofundada.[1-2]
2. Características das ESVs: A morfologia do QRS ectópico, a complexidade das arritmias (como a presença de morfologias múltiplas, acoplamentos, ou taquicardia ventricular não sustentada) e a resposta ao exercício são fatores críticos na estratificação de risco.[2-3]

3. Exames Complementares: Testes adicionais, como ecocardiografia e teste de esforço, são fundamentais para avaliar a função cardíaca e a resposta das ESVs ao exercício. A ressonância magnética cardíaca (RMC) pode ser indicada para detectar substratos miocárdicos patológicos, especialmente quando há suspeita de cicatrizes não isquêmicas.[4-5]
4. Algoritmo Diagnóstico: Um algoritmo diagnóstico pode ajudar a decidir quais atletas necessitam de investigações mais aprofundadas. Atletas com padrões de ESVs incomuns ou complexos devem ser avaliados com mais rigor, possivelmente incluindo testes genéticos ou estudos eletrofisiológicos invasivos em centros especializados.[1][6]

5. Prognóstico e Seguimento: A maioria dos atletas com ESVs benignas pode ser liberada para competição com acompanhamento periódico. No entanto, aqueles com achados suspeitos devem ser monitorados de perto e, em alguns casos, desqualificados de atividades competitivas até que uma avaliação completa seja realizada.[6-7]
Essas etapas garantem uma abordagem abrangente e segura para a avaliação de ESVs em atletas, minimizando o risco de eventos adversos durante a prática esportiva
- Interpretation and Management of Premature Ventricular Beats in Athletes: An Expert Opinion Document of the Italian Society of Sports Cardiology (SICSPORT). Zorzi A, D’Ascenzi F, Andreini D, et al. International Journal of Cardiology. 2023;391:131220. doi:10.1016/j.ijcard.2023.131220.
2. How to Evaluate Premature Ventricular Beats in the Athlete: Critical Review and Proposal of a Diagnostic Algorithm. Corrado D, Drezner JA, D’Ascenzi F, Zorzi A. British Journal of Sports Medicine. 2020;54(19):1142-1148. doi:10.1136/bjsports-2018-100529.
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6. Clinical Correlates and Outcome of the Patterns of Premature Ventricular Beats in Olympic Athletes: A Long-Term Follow-Up Study. Pelliccia A, De Martino L, Borrazzo C, et al. European Journal of Preventive Cardiology. 2021;28(10):1038-1047. doi:10.1177/2047487320928452.Details
7. Clinical Management of Young Competitive Athletes With Premature Ventricular Beats: A Prospective Cohort Study. Di Florio A, Fusi C, Anselmi F, et al. International Journal of Cardiology. 2021;330:59-64. doi:10.1016/j.ijcard.2021.02.021.