Válvula aórtica bicúspide em atletas

A válvula aórtica bicúspide (BAV) é uma condição congênita que pode impactar atletas de várias maneiras. Estudos indicam que atletas com BAV podem apresentar aumento progressivo das dimensões do ventrículo esquerdo e da aorta, embora esses valores geralmente permaneçam dentro da faixa normal para a população geral com BAV.[1] A prática esportiva intensa não parece agravar a condição da BAV durante a carreira de atletas de elite, desde que a dilatação aórtica seja leve a moderada e a função valvar seja monitorada regularmente.[2]

A prevalência de BAV em atletas de elite é baixa, cerca de 0,8%, e não há diferenças significativas nas dimensões aórticas entre atletas com BAV e não-atletas com BAV.[2] No entanto, atletas com BAV tendem a ter diâmetros aórticos maiores e função valvar relativamente pior em comparação com atletas com válvula aórtica tricúspide (TAV).[3]

A prática esportiva não parece acelerar a deterioração da função valvar ou o aumento das dimensões cardíacas em indivíduos com BAV sem complicações significativas.[4] No entanto, recomenda-se acompanhamento ecocardiográfico regular para monitorar possíveis alterações.[2-3]

Além disso, a presença de batimentos ventriculares prematuros (PVBs) é mais frequente em atletas com BAV, mas não está associada a complicações valvares significativas.[5] As diretrizes atuais sugerem que atletas com BAV e diâmetro da raiz aórtica superior a 40 mm devem evitar esportes com forte componente isométrico, mesmo com disfunção valvar mínima.[6]

Em resumo, atletas com BAV podem participar de esportes competitivos, mas devem ser monitorados regularmente para detectar alterações na função valvar e nas dimensões aórticas.

Referências:

1. Effects of Sports Activity in Athletes With Bicuspid Aortic Valve and Mild Aortic Regurgitation. Galanti G, Stefani L, Toncelli L, et al. British Journal of Sports Medicine. 2010;44(4):275-9. doi:10.1136/bjsm.2008.047407.

2. Bicuspid Aortic Valve Behaviour in Elite Athletes. Boraita A, Morales-Acuna F, Marina-Breysse M, et al. European Heart Journal. Cardiovascular Imaging. 2019;20(7):772-780. doi:10.1093/ehjci/jez001.

3. Sport PRactice and Its Effects on Aortic Size and Valve Function in Bicuspid Aortic Valve Disease: A Cross-Sectional Report From the SPREAD Study. D’Ascenzi F, Cavigli L, Cameli M, et al. British Journal of Sports Medicine. 2024;:bjsports-2023-107772. doi:10.1136/bjsports-2023-107772. 

4. Effect of Sport Activity on Uncomplicated Bicuspid Aortic Valve: Long-Term Longitudinal Echocardiographic Study. Bianco M, Sollazzo F, Modica G, et al. Journal of Cardiovascular Development and Disease. 2024;11(9):285. doi:10.3390/jcdd11090285.

5. Bicuspid Aortic Valve and Premature Ventricular Beats in Athletes. Modica G, Sollazzo F, Bianco M, et al. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2022;19(19):12188. doi:10.3390/ijerph191912188.

6. Exercise Recommendations in Patients With Valvular Heart Disease. Gati S, Malhotra A, Sharma S. Heart (British Cardiac Society). 2019;105(2):106-110. doi:10.1136/heartjnl-2018-313372.

Posts relacionados