O déficit calórico no tratamento da obesidade!

A importância do déficit calórico para a perda de peso é bem estabelecida na literatura médica, sendo um componente central para alcançar um balanço energético negativo. O déficit calórico pode ser alcançado por meio de restrição alimentar, aumento da atividade física ou uma combinação de ambos. No entanto, a resposta metabólica ao déficit calórico pode variar dependendo do método utilizado para alcançá-lo.

Estudos indicam que tanto a restrição calórica quanto o aumento do gasto energético por meio do exercício podem levar a adaptações metabólicas, como a redução da taxa metabólica basal, o que pode dificultar a manutenção da perda de peso.[1-2] A adaptação metabólica pode ser mais pronunciada em resposta à restrição calórica isolada, enquanto o exercício pode preservar a massa magra e, portanto, mitigar algumas dessas adaptações.[1]

A intensidade do exercício e o consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (EPOC) também desempenham papéis importantes. Exercícios de maior intensidade tendem a aumentar o EPOC, contribuindo para um maior gasto calórico total.[3] Além disso, o exercício pode influenciar a oxidação de substratos, favorecendo a oxidação de gorduras, especialmente quando realizado em estado pós-absortivo.[4]

Compensações energéticas, como aumento do apetite ou redução da atividade física espontânea, podem ocorrer em resposta ao exercício, limitando a eficácia da perda de peso esperada.[5-6] No entanto, a combinação de exercício com restrição calórica pode ser mais eficaz na redução da gordura visceral, embora a resposta possa não ser linear ou dose-dependente.[7]

Portanto, o déficit calórico é crucial para a perda de peso, mas a abordagem ideal pode variar entre indivíduos, e deve considerar fatores como intensidade do exercício, EPOC e respostas metabólicas individuais.

1. Does Eating Less or Exercising More to Reduce Energy Availability Produce Distinct Metabolic Responses?. Halsey LG, Areta JL, Koehler KPhilosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences. 2023;378(1885):20220217. doi:10.1098/rstb.2022.0217.

2.Metabolic and Behavioral Compensations in Response to Caloric Restriction: Implications for the Maintenance of Weight Loss. Redman LM, Heilbronn LK, Martin CK, et al. PloS One. 2009;4(2):e4377. doi:10.1371/journal.pone.0004377.

3. Effects of Isocaloric Resistance, Aerobic, and Concurrent Exercise on Excess Postexercise Oxygen Consumption in Older Adults. Pilon R, Matos-Santos L, Matlez MP, et al. Journal of Strength and Conditioning Research. 2024;38(4):755-761. doi:10.1519/JSC.0000000000004683.

4. Exercise Timing Matters for Glycogen Metabolism and Accumulated Fat Oxidation Over 24 H. Iwayama K, Seol J, Tokuyama K. Nutrients. 2023;15(5):1109. doi:10.3390/nu15051109.

5.Energy Compensation in Response to Aerobic Exercise Training in Overweight Adults. Flack KD, Ufholz K, Johnson L, Fitzgerald JS, Roemmich JN. American Journal of Physiology. Regulatory, Integrative and Comparative Physiology. 2018;315(4):R619-R626. doi:10.1152/ajpregu.00071.2018.

6. Exercise for Weight Loss: Further Evaluating Energy Compensation With Exercise. Flack KD, Hays HM, Moreland J, Long DE. Medicine and Science in Sports and Exercise. 2020;52(11):2466-2475. doi:10.1249/MSS.0000000000002376.

7. Dose-Response Effects of Exercise and Caloric Restriction on Visceral Adiposity in Overweight and Obese Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomised Controlled Trials. Recchia F, Leung CK, Yu AP, et al. British Journal of Sports Medicine. 2023;57(16):1035-1041. doi:10.1136/bjsports-2022-106304. 

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